Edital de licitação diz que Mendonça Filho precisa de conforto e
refeições à base de frutos do mar e salada caprese nos voos como forma
de "aumentar a eficiência" das viagens a trabalho
Pressionado pelas ocupações nas escolas, fraudes no Enem e cortes
orçamentários, o Ministério da Educação planeja “aumentar a eficiência”
do ministro Mendonça Filho com gastos de até R$ 198 mil por ano para que
ele e sua equipe possam lanchar enquanto voam nos jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB).
O MEC divulgou na semana passada um edital de licitação para fornecer
serviços de alimentação, 24 horas por dia, sete dias por semana, nos
voos de Mendonça Filho. Segundo o documento, é preciso aumentar o
“conforto” de Mendonça Filho nos voos. “Esta contratação tem como
objetivo possibilitar ao MEC viagens aéreas mais confortáveis e com
recursos próprios quando da utilização em aeronaves, prover também
alimentação e serviços de bordo às aeronaves que atendem ao Senhor
Ministro da Educação”. O pregão será no fim do mês.
O edital afirma ainda que fornecer comida ao ministro é, também, uma
forma de fazer o MEC cumprir sua “função institucional”. E, claro,
garantir que Mendonça Filho viaje com mais tranquilidade e sem estresse.
“Na dinâmica das viagens de avião, existe um momento que cabe o
fornecimento de refeições para o Senhor Ministro e sua comitiva e que
este fornecimento proporciona diversas vantagens como tranquilidade,
menor nível de estresse, disponibilização de boas condições de trabalho,
fornecimento de água, dentre outras vantagens onde também sabe-se que
no transcurso do voo não se tem como adquirir alimentos e bebidas pois
são aeronaves de uso restrito, daí a contratação de empresa
especializada nestes serviços aeroviários é uma maneira de cumprir as
funções institucionais.”
Acontece que ministros e servidores já têm direito a diárias quando
viajam, incluindo aí valores para alimentação. A diária para ministros
pode ser de até R$ 580. O próprio Mendonça Filho já recebeu R$ 10 mil
desde junho. Os gastos do ministério se somam aos custos rotineiros da
FAB, que fornece jatinho para que a cúpula do governo não tenha de usar
voos de carreira.
A licitação é na modalidade menor preço. O valor de R$ 200 mil é uma
estimativa para garantir que dez pessoas possam acompanhar o ministro e,
junto com ele, almoçar, jantar, lanchar ou tomar café da manhã. Assim,
de acordo com o MEC, as viagens ganharão eficiência. “O presente
processo permitirá um aumento na eficiência do atendimento ao
Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Educação durante as viagens
nacionais iniciadas no Aeroporto Internacional de Brasília, atendendo
assim às regiões mais remotas do Brasil.”
Curiosamente, apesar de falar em “regiões remotas”, o próprio edital elenca as últimas viagens de Mendonça Filho. Foram 28 entre maio e outubro – 20 foram capitais. Recife, onde o ministro mora, foi o destino 11 vezes. Detalhe: o edital do Ministério da Educação contém graves erros de gramática, como viagem com “j”.
Para chegar aos R$ 198 mil de referência, o MEC calcula até 198 viagens
com dez pessoas, com custo estimado de R$ 100 por pessoa – preço de
banquete. O termo de referência prevê bandejas de frutas a R$ 119 e
refeições a R$ 54, incluindo saladas (o MEC sugere caprese ou de
macarrão), prato principal (carne, frango ou até frutos do mar) e
sobremesas (pudim, musse e tortas). Há ainda itens específicos, como
iogurte de ameixa e água tônica. As informações são da revista
Época.Leia ainda: MPF quer explicações da farra das viagens dos ministros nos aviões da FAB
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