Ex-presidente da Odebrecht (2002 a 2008) e delator da Lava-Jato, Pedro
Novis acusou o senador José Serra (PSDB-SP) de receber para si ou
solicitar para o partido um total de R$ 52,4 milhões, no período de 2002
a 2012. Ele relatou propina de R$ 23,3 milhões em 2010, como
contrapartida à liberação do governo paulista de R$ 170 milhões em
créditos devidos a uma empresa do grupo Odebrecht, em 2009. Os milhões
restantes teriam sido transferidos como caixa dois eleitoral para as
campanhas de 2002, 2004, 2006, 2008 e 2012.
Na eleição de 2004, quando venceu a disputa pela Prefeitura de São Paulo
com Gilberto Kassab (PSD) como vice, Serra teria recebido R$ 2 milhões
em doações da Odebrecht "sem registro na Justiça Eleitoral, pagos em
espécie. Em 2006, Serra foi eleito governador de São Paulo. Novis
informou que entre 2006 e 2007 a Odebrecht repassou R$ 4,5 milhões a
conta no exterior, equivalentes a EUR 1,6 milhão no câmbio da época. Tal
conta teria sido fornecida pelo lobista José Amaro Ramos, descrito por
Novis como amigo de Serra.
De acordo com informações do jornal Valor, Novis foi ouvido pela PF no
grupo de inquéritos do STF, em junho, quando entregou documentos e
explicou a origem dos R$ 23,3 milhões que conforme sua versão irrigaram a
campanha presidencial de Serra em 2010.
Novis relatou que Serra avisou em 2009 que ele seria procurado pelo
então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, falecido em 2014, para
"discutir o projeto das campanhas do PSDB em 2010". Novis então teria
tido dois encontros com Guerra, que teria solicitado R$ 30 milhões para
financiar o PSDB. O repasse foi condicionado pela liberação de cerca de
R$ 170 milhões em créditos antigos da Construtora Odebrecht com a
Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa), empresa de infraestrutura e
transportes do governo paulista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário