O Flamengo continua o mesmo. O mais querido, empolgante, campeão. Mas a sua torcida... Quanta diferença! O Flamengo campeão da Copa do Brasil é o mesmo de outros tempos. Um time que sabe valorizar suas raízes, que sabe fazer de um Luiz Antônio, criado em casa (craque o Flamengo faz em casa, dizem na Gávea), o melhor de uma final como a disputada contra o Atletico-PR. Um time que sabe levar um ídolo como Léo Moura a prolongar sua carreira e ganhar, sete anos depois, um novo título da mesma competição. Um time que sabe apostar em um homem da casa, como Jayme de Almeida, como Carlinhos, como Andrade, para fazer, de uma dúzia de limões suspeitos, uma limonada para matar a sede da torcida de títulos e de quebra ganhar uma vaga na Libertadores do próximo ano.
Mas esse mesmo Flamengo hoje viu uma nova torcida comemorar o título. É que só uma nova torcida pode pagar tão caro por um ingresso para uma final. Até R$ 800 valia um ingresso na bilheteria. (Na mão de cambistas foi a mais de R$ 1000). Aquele torcedor flamenguista que tirava as tardes de domingo para ir à praia com dinheiro contado pro mate e os R$ 5 para o ingresso da geral, não existe mais.
Os ônibus também não vêm mais lotados da Zona Norte rumo ao estádio. Muito menos os trens desembarcam torcedores na estação São Cristóvão com o mesmo furor de antes. Pelo contrário. O novo torcedor que vem ao novo Maracanã vem em confortáveis ônibus executivos, ou em carros com som alto e ar condicionado ligado. E não se importam em pagar caro por um estacionamento. Também não se importam com a absurda lei municipal que impede a venda de cerveja no entorno do estádio. E que quase ninguém se importa em fiscalizar, é verdade.
Mas há quem resista e tente ser o mesmo torcedor de antes. Pelo portão E do Maraca, uns tentaram invadir sem ingresso. Alguns até que conseguiram. Antigamente a policia nem ligava. Hoje, age rápido e evita maiores problemas. Há os que pagam e resistem a seguir o comportamento geral e obrigatório de ver o jogo sentado. Resistem de pé o quanto podem. Mas são censurados por essa nova torcida, de mesma paixão, mas de comportamento mais polido, estranho. Até que a polícia chega e acaba com a "infração". Onde já se viu ficar de pé em palco tão nobre? Outros resistiam carimbando os caríssimos muros do novo estádio com um bem conhecido líquido mal cheiroso. Mas esses nao são os velhos torcedores. São os novos. Os mesmos que pagam caro, mas insistem em dar mostras de sua falta de educação. Mas que no fim, com o gol de Elias, comemorou como nunca. Claro, tinha que ter gol do Hernane. O brocador em casa não falha. E parece que, nova ou velha, a torcida do Flamengo não desaprende nunca a levantar a taça e gritar é campeão.
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