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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Bendita mudança

Bem antes de se consagrar como herói do título mundial corintiano, goleiro Cássio queria ser lateral
Benditas as luvas de goleiro recebidas ainda na infância que fizeram com que Cássio Ramos deixasse a lateral esquerda e procurasse seu lugar entre as traves. Foi a partir de um presente do tio que o goleiro do Corinthians desenvolveu o gosto pela posição e garantiu, no último domingo, o título de melhor jogador do Mundial de Clubes no Japão.

Camisa 12 foi decisivo na finalíssima do Mundial contra o Chelsea, disputada no último domingo em Yokohama, no Japão Foto: Reuters

Destaque das manchetes desta segunda-feira, o goleiro gaúcho de 25 anos vislumbra um futuro promissor. Mas seu começo foi cheio de dúvidas. Irmão mais velho dos três filhos de Maria de Lourdes, conhecida como dona Luciane, ele dividia sua rotina na infância entre a escola, a escolinha de futebol e o lava- rápido do tio materno.

A vida não era fácil para os filhos da empregada doméstica, que trabalhava muito para sustentar as crianças sem o apoio do marido, cuja relação com a família é mínima. Os quatro dividiam a casa de três cômodos no bairro Santa Lúcia, em Veranópolis, cidade de 23 mil habitantes na serra do Rio Grande do Sul. "Era um quarto com beliche, uma cozinha, uma sala e o banheiro", conta o mais novo, Eduardo, 18, que, seguindo os passos do irmão, também faz testes como goleiro em clubes do País. A irmã Taís, 21, cuida da vida profissional do irmão famoso.

Canhoto, o jovem Cássio acreditava que teria futuro pela lateral esquerda, na qual ensaiou seus primeiros passos dentro das quadras e do campo. Mas mudou de posição graças ao visionário tio João Carlos, o Kojak, que percebeu no adolescente a possibilidade de sucesso no gol. "Ele jogava de lateral ou na ponta-esquerda na escolinha. Mas por ele ser alto e depois de ganhar um par de luvas do nosso tio, foi para o gol e começou a se dar bem. Daí veio a paixão por ser goleiro", lembrou Eduardo

Ainda na serra gaúcha, Cássio fez testes no Caxias e no Juventude, quando tinha 13 anos, e no Tubarão, de Santa Catarina Acabou entrando nas categorias de base do Grêmio, em Porto Alegre, onde, depois de muito trabalho, subiu para a equipe profissional. Foi quando deu o primeiro susto na sua mãe. "Meu Deus, te deram alguma coisa para tu crescer?", contou dona Luciane, relembrando as primeiras palavras que disse ao filho depois de meses longe de casa.

Cássio foi, então, escalado para a Seleção Brasileira Sub-20, que o ajudou a carimbar seu passaporte para a Europa. Em 2007, se transferiu para o holandês PSV Eindhoven, onde ficou por quatro anos e meio, sem muito espaço para jogar, até acertar com o Corinthians.

"Na Europa, ficava muito desanimado quando não era convocado. A gente falava por telefone e, um dia, ele me disse chorando que tinha vontade de largar tudo. Mas conversamos e ele concordou em insistir na carreira", recordou a mãe.

Chance

De terceiro goleiro no Corinthians, ganhou uma chance nas oitavas de final da Libertadores contra o Emelec, teve bela atuação e assegurou a vaga de titular. A vida mudou para todos. Cássio renovou com o clube até 2015 e construiu para a família "uma casa de três andares".

Na base do Grêmio, já com quase os seus atuais 1,95m de altura, o chamavam de Frankstein. "Esse apelido ele odeia até hoje", revelou o irmão.

Desembarque
O Corinthians chega ao Brasil hoje para festejar o título mundial ao lado de seus torcedores. O time será recebido com esquema de segurança especial, encontro com o prefeito, trio elétrico e despedida no CT do clube.

Para evitar que o tumulto registrado no embarque para o Japão seja repetido, placas informativas vão indicar o espaço reservado aos corintianos que quiserem ir ao aeroporto de Guarulhos, às 6h05 (cearense).

Guerrero perde festa corintiana
Autor dos dois gols do Corinthians no Mundial - contra o Al Ahly e o Chelsea -, o atacante peruano Guerrero não terá o gostinho de ser recepcionado pela ansiosa torcida corintiana na chegada da delegação a São Paulo nesta terça-feira.

O herói do título resolveu ficar na Alemanha e, da escala em Frankfurt, pegou um voo para Hamburgo. O atacante atuava na equipe da cidade antes de ser contratado pelo Corinthians, em julho, e foi liberado para cuidar de assuntos pessoais.

Repercussão
Com o nome gravado para sempre na história do Corinthians, Guerrero também foi celebrado em seu país natal. A conquista corintiana foi destaque nos principais jornais peruanos. No Libero, a manchete dizia: "Paolo Guerrero deu ao Corinthians o Mundial de Clubes". O La Republica destacou que "Paolo levou ao topo o nome do Peru no país do sol nascente".

A imprensa peruana também destacou histórias sobre a carreira do atacante de 28 anos, que se tornou profissional na Alemanha - com apenas 17 anos, deixou as categorias de base do Alianza Lima para atuar no Bayern de Munique.

O El Comercio relembra uma história curiosa deste período em Munique. Guerrero foi aprendiz de ninguém menos que Gerd Müller, então técnico da base do Bayern. O peruano disse que o alemão foi seu mestre. "Foi ele que me ensinou a finalizar. Não poderia ter aprendido com alguém melhor", contou. 

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